Imre Kertész, escritor húngaro de origem judaica agraciado com o Nobel da Literatura em 2002, que sofria de Parkinson desde há alguns anos, faleceu hoje aos 86 anos.

A obra mais marcante do escritor, e que lhe terá valido o prémio, é o livro "Sem Destino", lançado em 1975. Neste, descreve o quotidiano de Auschwitz vivido por um rapaz de 14 anos, num relato autobiográfico impressionante que não foi muito bem aceite na Hungria comunista. Imre tinha essa idade quando foi deportado para Auschwitz e aí ficou até à libertação do campo em 1945, uma experiência que o terá marcado para sempre e definido o seu rumo literário.

Demorou 14 anos a escrever o livro, e publicá-lo não foi fácil - foi recusado por uma editora estatal e acabou por lançá-lo numa pequena chancela. Felizmente, veio a ter o destaque e a dimensão que merecia. O livro veio a ser adaptado para o cinema em 2005.

As condolências à família e amigos do escritor, cuja experiência de vida e aquilo que passou é apenas algo que podemos imaginar.


Os livros podem não só ficar marcados profundamente na nossa memória como também perdurar para sempre gravados na pele. Alguns acérrimos fãs da leitura e de tatuagens decerto já pensaram em transpor a paixão pelos livros para o corpo, e por isso ficam aqui alguns belos exemplos de tatuagens com livros para que possam servir de inspiração.

A cores, a preto e branco, mais minimalistas ou complexas, os exemplos são imensos e para todos os gostos. Cada um terá a sua forma de manifestar o amor à leitura e de colocar também um pouco de si  nesta representação da paixão bem marcada a tinta.

Há também imensas tatuagens com personagens de livros, com citações ou frases específicas, mas isso ficará para outras núpcias!

















A Porto Editora anunciou que o livro "A desumanização" de Valter Hugo Mãe está em primeiro lugar no principal top de vendas da Islândia, à frente de Michel Houllebeccq (em segundo), de "O Principezinho" (em terceiro) e de Elena Ferrante (em quarto).

O romance foi apresentado na quarta-feira passada no Teatro Harpa e saltou directamente para o top de vendas com 35.000 exemplares vendidos. Gudlaug Run Margeirsdòttir, que vive em Portugal, foi a tradutora do livro que em islandês tem o título "Afmennskun".

Valter Hugo Mãe é um dos maiores escritores portugueses da literatura moderna e desejamos-lhe os parabéns por esta conquista além-fronteiras, inteiramente merecida!

Robert A. Heinlein por Frank Kelly Freas

Jim e Frank são adolescentes que vivem em Marte. O planeta vermelho há algum tempo que está a ser colonizado pelos humanos, que vivem em colónias controladas, onde o ar é pressurizado dentro dos edifícios para conseguirem respirar. Fora de portas, têm de usar fatos especiais e máscaras para sobreviver.

De tempos a tempos, os humanos têm de migrar para outras zonas do planeta, uma vez que a temperatura atinge as centenas de graus negativos e têm de partir para zonas mais quentes. Os marcianos não se metem na vida dos humanos e vice-versa. A co-existência é pacífica e desde que estes respeitem o espaço dos habitantes originais está tudo bem.

Está na altura de Jim e Frank irem estudar para a Academia de Syrtis Minor e despedem-se da família. Jim leva consigo Willis, um pequeno marciano "saltitão" em forma de bola com o qual estabeleceu uma relação de amizade. Willis tem a capacidade de memorizar todos os sons que ouve e é assim que os rapazes, já estabelecidos na Academia, descobrem os planos maquiavélicos dos responsáveis da escola. Começa então uma aventura fantástica no planeta vermelho.

Este livro é de 1949. Impressionante. Se fosse escrito hoje ainda seria um livro futurista - ter em conta que já tem quase 70 anos é simplesmente fantástico. Os ambientes, a descrição dos marcianos e as suas capacidades e o modo de vida adaptado dos colonos saíram de uma mente cheia de imaginação como poucas. Robert A. Heinlein imaginou e passou para o papel toda uma vida noutro planeta e, ao lermos, tomamos o cenário como bem possível e mergulhamos nele, e isso é de uma competência técnica inigualável.

Sendo um livro que, na altura, foi escrito para adolescentes, dá 10 a 0 aos que hoje em dia são escritos para essa faixa etária. Foi adaptado para uma mini-série de animação pela FOX Kids em 1994.


O Planeta Vermelho
De: Robert A. Heinlein
Ano: 1949
Editora: Publicações Europa-América
A nossa pontuação: ★★★☆☆

Disponível em Wook.pt.
Mais uma iniciativa de destaque para os amantes dos livros: a "Ler em todo lado" pretende estimular o hábito de leitura e isso é também estimular o pensamento criativo, a liberdade cultural e, num mundo crescentemente virtual, ler e o gosto pela leitura, funciona também como uma ponte entre gerações e pessoas.

A Associação Portuguesa de Editores e Livreiros junta-se à Câmara Municipal de Lisboa, unindo livrarias e bibliotecas para criar, em Abril, todo um mês repleto de actividades a não perder: descontos em livrarias, exposições, horas do conto, lançamentos... Tudo e tanto para quem escolhe os livros como companheiros.

Aproveitem! Vejam a programação em Leremtodolado.pt

:)

Eu sou uma mistura dos dois... Coloco sempre um marcador, mas quando encontro uma citação que quero guardar, ou me deparo com algo importante, ou alguma palavra que não sei o significado, e não tenho nada à mão dobro a página. E sinto-me mal de todas as vezes... Eu sei, eu sei, sou uma monstra!

Que tipo são vocês?

Ainda falta para chegar a data oficial do FOLIO, terá lugar entre 22 de Setembro e 2 de Outubro, mas já podemos ansiar uma segunda edição fantástica.

Prémios Nobel, Fernando Pessoa, Utopias, Miguel Sousa Tavares, Literatura, Folia, Camané, José Gil... tudo num fantástico evento como há muito que se merecia por estas terras.

Já se pode antever uma programação rica, variada, este ano inspirada nas utopias: outros mundos criados por autores que expressam em palavras a esperança e a desilusão, o fantástico e o real.

Um evento a colocar já na agenda!

Vejam um dos vídeos de apresentação: 2015 foi fantástico, 2016 promete!
    Saibam mais em Foliofestival.com
Bem, mais vale tarde do que nunca, certo? James Phillips era um estudante na Universidade de Dayton, no Ohio, e levou para casa um exemplar do livro "História das Cruzadas". Só que pouco tempo depois deixou a Universidade para se juntar aos US Marines. Um colega enviou os seus pertences para a casa dos pais de James, incluindo o livro.

Este permaneceu lá por casa esquecido junto às recordações da Universidade, e depois de os pais falecerem os pertences foram enviados desta vez ao irmão de James. Ao reavê-los, deparou-se com o livro e descobriu que estava 49 anos atrasado na sua entrega. E decidiu devolvê-lo.

Enviou-o para a biblioteca juntamente com um bilhete que dizia:

"Por favor aceitem as minhas desculpas pelo atraso na entrega do livro "História das Cruzadas". Ao que parece consultei-o no primeiro ano de faculdade e de algum modo ficou esquecido todos estes anos."

Os responsáveis da biblioteca ficaram agradavelmente surpreendidos, não só porque James se deu ao trabalho de devolver o livro, mas também porque ainda trazia o cartão de empréstimo de 1967, com o carimbo dessa data, e no fundo foi como receber uma relíquia do passado, intocável pela tecnologia. Ficaram tão agradados que até perdoaram a multa de 350 dólares.











Fonte: Independent
E Shakespeare continua em grande :)



Há mais de 100 anos Fernando Pessoa escrevia, sob o heterónimo Álvaro de Campos, o poema "Opiário", que constou no primeiro número da revista Orpheu.

Em 1996 os Moonspell, a banda que é estandarte do heavy metal nacional, lançaram o álbum "Irreligious" e dele fazia parte "Opium", inspirado no poema. Não é só a letra da música que tem inspiração em Fernando Pessoa - o videoclip também, e nele podemos ver uma interpretação do escritor e dos seus hábitos, enquanto é rodeado pela banda.

Faz parte da música, mesmo no fim, uma parte integral do poema:

Por isso eu tomo ópio. É um remédio 
Sou um convalescente do Momento. 
Moro no rés-do-chão do pensamento 
E ver passar a Vida faz-me tédio. 

"Opiário" é um dos poemas mais conhecidos de Fernando Pessoa, assim como"Opium" é um dos temas com mais sucesso dos Moonspell. É uma combinação perfeita, embora por princípio inesperada (para aqueles que não estão familiarizados com a  banda) e mostra bem como a literatura tem influência numa infinidade de áreas, inclusivé no heavy metal.


"As distâncias mudam significativamente quando se percorre o mundo a pé. Dois quilómetros é bastante, quatro é algo já considerável, dezasseis uma distância colossal e oitenta estão no limite da nossa concepção. Tomamos consciência de que o mundo é enorme, com uma dimensão que só nós e os nossos companheiros caminheiros têm ideia. A escala planetária é um segredo nosso.

A vida ganha uma agradável simplicidade. O tempo deixa de ter significado. Quando está escuro vamos para a cama, quando nasce o Sol levantamo-nos e tudo o que se passa entre uma coisa e outra é, simplesmente, entre uma coisa e outra. Na verdade é fantástico.

Não temos compromissos, obrigações ou deveres. Não há ambições especiais, apenas as necessidades mais elementares. Vivemos num tédio tranquilo, serenamente para lá do alcance da exasperação."

in "Por Aqui e Por Ali", de Bill Bryson (1998)


Num dos pontos por onde passou no seu exílio no Equador, Sepúlveda conheceu um velho, não lhe soube a história, mas imaginou-a e decidiu que a iria desenhar com as suas palavras neste fantástico livro "O Velho que lia romances de amor".

Cru, na sua beleza, e uma obra de arte na forma como passa para o papel a humidade, os cheiros, os animais da floresta, este livro transporta-nos até uma Amazónia selvagem, indomável, onde o homem tem duas escolhas: ou deixa a natureza seguir o seu curso ou sofre as consequências.

António José Bolívar Proaño é o Velho, passa os seus dias à espera do momento em que, na sua intimidade, se delicia com romances de amor que lê com uma lupa e com o coração. É também um caçador, que não o é, um índio shuar, que não o é, e um herói, que não o é. Mas uma coisa certamente Proaño é: uma personagem inebriante.

O Homem versus a Natureza é a questão que se desenvolve, e como um "Moby Dick" da América Latina, este livro transformou-se num clássico inevitável na obra de Sepúlveda.

Título: O Velho que lia romances de amor
Autor: Luis Sepúlveda
Editora: Porto Editora

A nossa pontuação: ★★★★☆ 

Mais no site wook.pt 



O músico, activista e recentemente proprietário de um restaurante vegan, Moby, vai lançar um livro de memórias no próximo mês de Junho. Vai chamar-se "Porcelain", o nome de uma das suas músicas mais icónicas, e já está disponível em pré-venda na Amazon, em formato físico e e-book.

O livro vai retratar os primeiros 10 anos da carreira de um dos maiores percursores da música electrónica, mostrando os intensos anos das raves e a loucura da juventude no final dos anos 80 e início dos 90, em Nova Iorque. Mostra ainda como Moby saiu de uma situação de pobreza e exclusão social para uma vida cheia de sucessos que começaram por muito baixo e acabaram na execução de um dos álbuns mais vendidos de sempre na música electrónica, o Play.

Curiosamente, Salman Rushdie e Dave Eggers já leram o livro e classificam-no como divertido, com um sentido de humor apuradíssimo e soberbamente escrito.

Mal podemos esperar! Para quem não se lembra do Moby, é o autor desta música fantástica que decerto conhecem. Um artista e pêras, de uma sensibilidade extraordinária.

Estamos num mundo doido e incompreensível e eu acredito que a literatura deve, cada vez mais, funcionar como um abrigo, especialmente para as crianças que são quem sofre a maior injecção de violência gratuita de sempre.

Os livros devem ser um escape, um porto seguro, ao mesmo tempo que uma ferramenta educativa poderosa que ajude na formação de valores tão importantes como a tolerância, o amor ao próximo e o respeito. Nesse sentido os livros devem ser uma arma que defenda as crianças, que não se podem defender sozinhas, da arbitrariedade da agressão dos dias que correm.

Isto dito, que soa a desabafo, bem sei, para mim a Páscoa sempre foi tempo de coelhos. Animais lindos, carinhosos, inocentes, felpudos. Um animal que toda a criança aprende a desenhar e a reconhecer desde o primeiro gatinhar, um dos preferidos como brinquedo infantil, com as suas longas orelhas, e um dos mais caricaturados: Bugs Bunny da Warner, Roger Rabbit do filme, o White Rabbit do País das Maravilhas, o Thumper do Bambi...tantos quantos a imaginação conseguiu criar.

Um dos coelhos que me acompanhou a infância e certamente me protegeu a imaginação e acarinhou a alma foi o Peter Rabbit, um coelhinho adorável, curioso, que representa a criança e o espírito jovem em todos nós. Este pequenino amigo ganhou vida nas mãos de Beatrix Potter e encheu as prateleiras da infância de muitos portugueses com o nome de Pedrito Coelho .

Não há como não amar esta personagem, as suas cores, as suas aventuras, a sua esperança...e a sensação com que ficamos no final das suas curtas epopeias de que tudo vai ficar sempre bem neste Mundo, não importa quantos desafios tenhamos de ultrapassar, desde continuemos a alimentar o que temos de melhor em nós e a amar todos, porque todos são merecedores de amor.

Numa quinta no interior do País de Gales, Daniel tenta superar a morte da sua mulher. Ambos comandavam os destinos da quinta, até que ela sofre uma morte violenta. Daniel fica encarregue da quinta e dos animais, tentando superar a presença constante da sua mulher, que sente nas coisas e nas situações que vão acontecendo. Torna-se um solitário, transportando nas costas o peso da ausência dela e de fazer sozinho as coisas que antes faziam juntos.

Ao mesmo tempo, outro homem, grande e solitário também, ganha a vida a capturar texugos, espécie protegida, e vende-os com o fim de promover lutas ilegais entre estes animais e cães. O destino dos dois homens seguem em paralelo e vai acabar por se juntar.

Esperava muito mais, tanto pelos prémios que o livro ganhou, como pelos comentários positivos que fui lendo. A narrativa é algo repetitiva - os mesmos termos estão sempre a ser utilizados, assim como a construção das frases se repete, e também as situações que vão acontecendo, que são também desinteressantes e não carregam em si nenhuma moral em especial. Há algumas descrições chocantes (principalmente relativas à crueldade para com os animais) e ideias interessantes aqui e ali, mas no geral considero-o um livro monótono, daqueles raros casos em que quero chegar ao fim pelas piores razões.


As histórias destes homens são tão distintas e tão emocionalmente desligadas uma da outra, que acho que preferia que a narrativa girasse apenas em torno de um deles. O livro carrega um peso emocional muito forte, que podia ter sido aproveitado doutra forma.

A Cova
De: Cynan Jones
Ano: 2014
Editora: Cavalo de Ferro
A nossa pontuação: ★★☆☆☆

Disponível em Wook.pt

O que mais se temia aconteceu novamente, desta vez em Bruxelas. O terrorismo voltou a ganhar, por enquanto, mas queremos acreditar, temos de acreditar, que "os maus" não vão ganhar uma guerra que alguns não querem crer que já começou. Os nossos sentimentos e coração estão com aqueles que hoje perderam alguém às mãos de quem não dá o certo valor à vida.

Sejamos destemidos e corajosos como o Tintin, personagem nascida e criada na Bélgica por Hergé. Mas até ele, por momentos, se vai abaixo.

Toby Little tem 7 anos e há algum tempo atrás empreendeu uma tarefa hercúlea: escrever para todos os países do mundo. Tinha 5 anos quando leu o livro "Letter to New Zealand" e perguntou à mãe, inspirado pela leitura, se podia enviar uma carta à Nova Zelândia. A mãe anuiu, mas pouco tempo depois Toby mudou de ideias e decidiu escrever para todos os países do mundo. Queria conhecer outras realidades, saber as dificuldades dos outros e o que mais gostavam de fazer.


A mãe apoiou a ideia e fez um apelo nas redes sociais para encontrar possíveis correspondentes para o filho, de todos os lugares do mundo. A palavra espalhou-se e a resposta foi imensa. O interesse foi tal que até à data Toby já enviou mais de 680 cartas e o número não pára de aumentar. Fica fascinado com a tarefa de escolher o próximo país para onde vai escrever e de receber notícias do mundo inteiro, de gente de todas as etnias, religiões, idades e ocupações.

Toby diz ainda que este projecto o fez perceber que o mundo não é assim tão grande, podemos partir e visitá-lo quando quisermos, e que por isso o planeta é um sítio óptimo para se viver. As várias respostas que obteve de todo o mundo fazem agora parte de um livro chamado "Dear World, How Are You?".

Este pequeno empreendedor e a sua mãe, que apoia esta grande e nobre tarefa, estão de parabéns por tanta coisa - por se importarem com o resto do mundo, por quererem conhecer outras realidades, por preservarem a extinta tradição da correspondência, resumindo, por despertarem o bicho das letras no mundo inteiro.




Fonte: The Telegraph
No Reino Unido, em 1866, surgiu a primeira edição oficial do livro "Alice no País das Maravilhas". Assim, desde há 150 anos que o mundo ganhou um novo colorido com as aventuras de uma menina curiosa, de um coelho apressado, um gato falante, uma lagarta fumante e um chapeleiro genial.

Desde então, este livro que se pensava para crianças, tem sido fruto de análises nas mais variadas áreas: sociologia, psicologia, linguística, psicanálise e, quem diria, até na matemática!

Lewis Carrol era professor de matemática e segundo Melanie Bayley, investigadora que conduz o estudo, o seu livro, entre o absurdo e a criatividade, desenvolve em certos episódios uma crítica à evolução do estudo da disciplina.

É sempre maravilhoso ver como na cultura tudo se cruza, desde que haja vontade de ir mais além do que as palavras e somar mais do que números.

Vejam mais sobre este estudo nesta publicação do Público .

Cecilia Levy era encadernadora e agora enveredou por uma profissão onde faz precisamente o oposto. Ela pega em livros e bandas desenhadas velhas e transforma-as em chávenas, pires, bules, taças e outras peças de decoração.

A artista sueca faz verdadeiras obras de arte em papel e estes livros passam a ter assim uma vida nova e diferente. A muitos de nós pode parecer 'sacrilégio' dar este uso aos livros, mas o resultado final é tão apelativo que temos de admitir que ficariam bem em qualquer lar e que são um belo tributo à literatura.

Algumas das nossas peças preferidas:











Fonte: Bored Panda
Com o título original (e muito mais bonito) "A Walk In The Woods", este livro conta a aventura do autor ao percorrer o Trilho dos Apalaches nos Estados Unidos, o maior trilho do mundo, com cerca de 3.500 quilómetros. O trilho atravessa 14 Estados e são precisos muitos meses para o percorrer por inteiro, mas a verdade é que apenas uma percentagem irrisória de caminhantes o consegue fazer.

O livro tem um tom humorístico muito apurado e não raras vezes dei por mim a gargalhar sozinha. Para além da história desta grande aventura, aprendi imenso sobre a exploração da natureza nos Estados Unidos, dados históricos sobre a construção do trilho, histórias fantásticas sobre antigos caminhantes que conseguiram proezas incríveis, e também outras mais tristes, de aventuras que resultaram em morte.

O autor partiu para o trilho com o seu amigo Katz e assim que se fizeram ao caminho descobriram que estavam em péssima forma física. Já não iam para novos e o excesso de peso não ajudava... No entanto, tudo melhorou com o tempo. Juntos passaram por muitas peripécias, como descobertas de animais selvagens curiosos, condições atmosféricas muito adversas, ou encontros com outros caminhantes muito difíceis de aturar.

A dinâmica entre Bill e Katz é fabulosa, divertida e comovente. Ler este livro é ser também transportado para a natureza selvagem, para onde não há vivalma, onde o estado puro das coisas nos toca o coração. Mostra-nos que fomos feitos para caminhar - não para andar de rabo tremido de carro -, para nos levarmos ao limite, para estarmos em harmonia com o mundo. O autor e o amigo, depois de andarem meses na floresta, quase já não sabiam andar em estradas e onde quer a civilização tivesse chegado. Quase que sentiram medo. E dá que pensar sobre que raio estamos a fazer com as nossas vidas.

Este relato fantástico deu um filme lançado no ano passado e teve como protagonistas os grandes Robert Redford e Nick Nolte. Estes dois dinossauros do cinema deram uma grande dimensão ao filme e mostraram na perfeição a amizade real que une os protagonistas do livro. O filme e o livro são bastante diferentes, já que este último está também cheio de factos, datas e acontecimentos relevantes, e o filme é mais centrado na amizade e o que andar na natureza pode fazer por ela. Eu adorei os dois, e ambos me deram uma grande vontade de largar tudo e ir caminhar sem destino pelas florestas adentro.


Por Aqui e Por Ali
De: Bill Bryson
Ano: 1998 (edição de 2015)
Editora: Bertrand
A nossa pontuação: ★★★★☆

Mais no site Wook.pt.
A Bertrand está com promoções para todos os gostos: Páscoa, Dia do Pai, Dia Mundial da Poesia.

É aproveitar, poupar e pensar já nos livros que vamos comprar depois!

Saibam mais em Bertrand.pt
Faz este ano 400 anos que Shakespeare morreu e Romeu e Julieta é uma das suas obras com mais visibilidade e impacto. Desde então que adaptações de todos os tipos foram feitas, seja no teatro, na televisão, na música, na poesia, no cinema, na inspiração de outras obras literárias - se fizéssemos uma lista seria infindável.

As homenagens por todo o mundo pelo aniversário da sua morte não se vão fazer esperar, e por aqui também começamos com uma homenagem singela no mundo musical. As hipóteses são imensas, mas seleccionei uma bem especial, dos Dire Straits, uma banda que acompanhou o meu crescimento e marcou o modo como oiço e sinto música.

Uma história de amor tornada ainda mais bonita pela mítica banda que conheceu o sucesso máximo nos anos 80. Digamos que a voz e a guitarra de Mark Knopfler tornam tudo melhor (até a tragédia...). Uma das músicas mais bonitas que já se fez, para ouvir com o som no máximo e coração aberto.

Este dia 19 que se aproxima é um dia muito importante para mim, por mais que um motivo, mas acima de tudo porque é oficialmente a homenagem a um homem que faço por honrar todos os dias: O Meu Pai. E sim, ele merece capitalização porque é o Maior.

Isto dito, aqui vos deixo umas dicas para ofertas para os vossos Pais Capitais, porque sei que não há amor como o de mãe, mas olhem que o de pai é bom, sabe a ternura e amor infinitos. Ah, e para todos os bolsos! Para não terem de ir pedir dinheiro ao vosso pai para lhe comprar a prenda.

Pai "Eu cá digo o que penso e sinto o que digo!" : 

"Algumas Crónicas" - António Lobo Antunes  

Uma selecção de crónicas de um dos mais relevantes autores portugueses, controverso, mas sem dúvida com toques (que não são poucos) de genialidade. Perfeito para quem gosta de livros pequenos e sumarentos. Digamos que funciona como uma perfeita iniciação ao autor que lhe deu vida.

Pai "Quando era jovem fartava-me de passear!":

"Fronteiras Perdidas" - José Eduardo Agualusa 

O livro perfeito para sair e viajar com a mente. Composto, mais do que por contos, por imagens, cheiros, sons, histórias de vida que se sentem à flor da pele e nos transportam até ao sonho. Curto, poderoso, fantástico. Perfeito para quem quer, em pouco tempo, libertar-se do Mundo ao mesmo tempo que o conhece.

Pai "Ah no meu tempo é que era a loucura!":

"Trainspotting" - Irvine Welsh 

O vício, a loucura, a descoberta, ficar perdido, encontrar-se, perder os outros, ficar sóbrio, a sobriedade doer, o humor, a escuridão, a regressão, o transtorno, o sonho, o pesadelo, a esperança... Basta escolher, está aqui tudo. Uma obra prima de Welsh.

Pai " Os desenhos animados de antigamente eram muito melhores!"

"As Aventuras de Tom Sawyer" - Mark Twain

Um livro que desde sempre pretende despertar a criança rebelde que temos em nós. Uma prova real de como o humor ensina e de como, por muito que cresçamos, continuamos a querer, mais ou menos secretamente, andar descalços por aí, livres, flutuando numa jangada.

Aproveitem os vossos pais.

Pai, adoro-te.
Num mundo cada vez mais digital, ainda há muito boa gente apegada aos velhotes livros (como eu) e que ainda fica boquiaberta com grandes colecções, majestosas bibliotecas, livros raros, mas também com estantes lindíssimas e originais.

No fundo, são formas menos clássicas de arrumarmos os nossos clássicos companheiros. Aqui ficam alguns exemplos de móveis geniais criados por designers talentosos, mas atenção: por mais que goste destas peças a maior parte não está disponível para venda ou têm preços exorbitantes. Bem, sonhar não custa!


Infinito - desenhada por Job Koelewij. Presente na Galerie Fons Welters. 

Árvore da Sabedoria - criada por Jordi Mila.

































Ponto de interrogação - criado por Tembolat Gugkaev.


À primeira vista parece um labirinto, mas são letras. Aqui, "read your bookcase". Criada por Saporiti.


Cubos - pelo designer Alejandro Gomez


"Puckman Bookcase", desenhada pelo Studio GinePro - disponível por encomenda.

Feita à mão, parece saída de um quadro de Dalí. 

































Circular - criada pelo estúdio David Garcia


"MYDNA", criada por Joel Scalona. Aceita encomendas.























Árvores - autor desconhecido