Este livro é uma colectânea de contos do mestre do suspense Alfred Hitchcock. Na primeira página reza assim: "14 contos fantásticos e histórias de uma elegância demoníaca". Está tudo dito! Se definisse Hitchcock numa palavra, seria mesmo essa - elegância. Apesar do elemento comum de todos estes contos ser a morte, tema pesado e sério, ele torna-a num ingrediente delicioso que nos faz querer mais e mais, descobrir os responsáveis, desvendar mistérios e participar em tramas complexas apesar de curtas. Isto só é possível com a tal elegância da escrita, uma desenvoltura ligada a uma das imaginações mais negras e mais férteis da arte.
Pioneiro e único no mundo do cinema, da literatura e da televisão, conhecido em todo o mundo e por todas as gerações, Hitchcock é um contador de histórias natural e escrevia sobretudo contos. Por um lado, apegamo-nos tanto às personagens que é uma pena quando a história chega ao fim mais depressa do que estamos habituados. Porque o autor é mesmo assim - capaz de nos prender em pouquíssimo tempo e dizer / fazer acontecer tanto em poucas páginas. É esse o meu maior desgosto com os contos de Hitchcock - queria mais! Por outro lado, é um estímulo mental de elevadíssima qualidade, uma cadência de acções que nos faz pensar, buscar soluções, que nos espanta e surpreende ao virar de cada página.
Entre as muitas histórias, temos por exemplo o caso do mistério do joalheiro assassinado a tiro na própria loja; o homem que se quer matar porque a mulher o trocou pelo melhor amigo; o caso do homem que apareceu morto fechado no seu próprio carro; o homem que conspirou para matar a mulher e ficar com a amante; enfim, um pouco do pior do ser humano está reunido nestas fantásticas histórias, misturado com boas doses de humor e ironia, e Hitchcock vale a pena a qualquer hora.
Procissão de Assassinos
De: Alfred Hitchcock
Ano: 1975
Editora: Impala
Páginas: 220
A nossa pontuação: ★★★☆☆
Disponível na Bulhosa.