A Ilha das Mulheres-a-Dias - Milena Moser

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Irma tem 28 anos e é mulher-a-dias. Desempenha o seu papel na perfeição, ou seja, consegue ser coscuvilheira, meter o bedelho, espiar, ler cartas e documentos que não lhe dizem respeito, usar roupas e comer as coisas dos outros - tudo com a maior discrição e nutrindo a confiança dos seus empregadores e deixando tudo com aspecto limpo e arrumado.

Uma das suas clientes é uma mulher de uma família "bem", sempre impecável e com pose confiante, chefe de família com duas filhas e dois filhos e um marido desligado e com pouca coragem. Irma não gosta deles, mas pagam muito bem e ela vai engolindo os sapos, até ao momento em que percebe que algo não está bem - tropeça numa porta fechada à chave e indicam-lhe que deve manter-se afastada. Um dia, ouve gemidos de lá provenientes e percebe que a porta está destrancada... é a sua oportunidade para saber o que está lá dentro. E o que vê é tão chocante, triste e macabro que vai mudar a sua vida para sempre...

Este livro é fantástico. Tem doses desumanas de humor negro, puxa à gargalhada, mas tem uma moral intrínseca em todo o lado. Mostra-nos uma mulher espevitada, astuta, bem formada e inteligente que é constantemente deitada abaixo por ser mulher-a-dias (coisas que não a incomodam, fruto da sua superioridade emocional e mental), a sua vida com pormenores deliciosos, as suas relações (todas fora do comum e algumas chocantes) e assistimos às suas técnicas para ludibriar os empregadores, que são tão, mas tão cómicas.

Infelizmente não encontrei nenhum exemplar à venda nas lojas. Este é da biblioteca e já tem alguns anos. É pena. Mas se arranjarem maneira espreitem, vale mesmo a pena e é uma lufada de ar fresco oferecida por Milena Moser, escritora suíça que me surpreendeu. O livro deu um filme alemão (Die Putzfraueninsel), em 1996, e embora esteja ansiosa não está fácil encontrá-lo.

 A Ilha das Mulheres-a-Dias
De: Milena Moser
Ano: 1991
Editora: Círculo de Leitores
Páginas: 216

A nossa pontuação: ★★★★☆

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