A Casa Quieta - Rodrigo Guedes de Carvalho

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Lembro-me de ter lido este livro ainda não tinha 20 anitos. Lembro-me que o adorei, e as suas linhas gerais ficaram-me na memória todo este tempo. Tinha vontade de o reler há muito tempo, e foi agora. E a minha percepção agora é completamente diferente.

É engraçado como isto aconteceu, e também inexplicável, mas agora, mais madura e experiente, o livro foi muito mais difícil de ler. Não é um livro fácil - a alternância constante entre espaços temporais e as frases metidas dentro de outras frases obrigam a uma atenção suprema, e que mergulhemos a cem por cento na trama. O que é tarefa árdua - por vezes o narrador muda sem nos apercebermos e demoramos a mudar o chip; os tais pensamentos que interrompem outros pensamentos obrigam-nos a reler; mudamos de ano e de personagens e tudo é completamente diferente a cada virar de página.

A história centra-se num casal, em que a mulher padece de uma doença terminal. O livro são basicamente as memórias dela, e do marido; mas também do irmão do marido (também ele doente); dos pais do marido; das irmãs delas, dos seus esposos e filhos; enfim, assistimos ao caótico drama familiar contado sob diferentes perspectivas e em diferentes fases, desde o momento em que tudo era tranquilo e perfeito até tudo acabar numa casa vazia, quieta, onde o silêncio é a presença mais forte e indesejada.

É forte, especialmente quando nos apercebemos da solidão destas pessoas e em como são ilhas isoladas nas suas dores. É poético, subtil, mas lá está, é uma aventura difícil num tipo de escrita onde tão cedo não me aventurarei. Mas, lá está, os nossos pensamentos também não são lineares, e este livro aproxima-se bem dessa leitura.

A Casa Quieta
De: Rodrigo Guedes de Carvalho
Ano: 2005
Páginas: 264
Editora: Dom Quixote

A nossa pontuação: ★★★☆☆
Disponível no site Wook.

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