A máquina de fazer espanhóis - Valter Hugo Mãe

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O senhor Silva viu-se, aos 84 anos, sem o amor da sua vida que o acompanhou durante décadas. De repente, teve de cair em si e perceber que nunca mais veria o sorriso de Laura nem sentiria a sua presença a encher os sítios. E perguntou-se como é que alguém, nesta fase da vida, encontra ânimo para alguma coisa sem o farol que o guiava todas as noites.

Foi metido num lar. Uma história lida e ouvida milhares de vezes. A filha, sem saber lidar com ele. Ele, sem saber lidar com ninguém, metido num amuo contendo uma tristeza que lhe corrompia tudo por dentro, qual cancro de saudade e incompreensão. E este é o mote para uma história tocante, que nos toca e tocará a todos, que nos aproxima da morte e nos coloca na pele daqueles que são postos a esperá-la a qualquer momento.

Valter Hugo Mãe, através de uma linguagem diferente onde se expressa sem parágrafos ou sequer maiúsculas, coloca-nos na pele do senhor Silva, dá-nos lamirés do seu passado e conta-nos o seu presente sempre com o sentimento à flor da pele. Damos a mão a este "velho" como se fosse o nosso pai, ou avô, e damos por nós completamente embrenhados e a querer o seu bem. Com alguns laivos de humor que nos arrancam gargalhadas e que logo de seguida se podem transformar em lágrimas (fica o aviso), esta é uma história comovente e tremendamente bem escrita que fala da amizade, do amor, da família, da desilusão, tristeza, impotência, e muito mais. Uma das pérolas da literatura portuguesa, completamente recomendado.

E assim está finalizada o trio de livros de Valter Hugo Mãe que li de seguida, e este é, definitivamente, o melhor.

A máquina de fazer espanhóis
De: Valter Hugo Mãe
Ano: 2010
Editora: Porto Editora
Páginas: 320

A nossa pontuação: ★★★★☆
Disponível no site Wook.

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