Poe, perdoa, mas está engraçado :)


Confesso que peguei neste livro na biblioteca apenas por causa do título... Foi  uma visita relâmpago sem tempo para grandes análises e pensei que se se tratasse de um policial, um suspense, ou algo do género, que envolvesse putas com vontade de matar... Mas não.

Trata-se de um conjunto de histórias com vários temas e Putas Assassinas é uma delas. Tive reacções muito variadas a estas histórias. Algumas marcaram-me pela sua unicidade e choque que me provocaram. Essas, sei que as recordarei para sempre. É o caso, por exemplo, logo da primeira história, sobre um jornalista que visita a Índia e se depara com a triste realidade da castração infantil e posterior prostituição dos meninos.

No entanto, não consegui ler três das histórias e simplesmente passei à frente - ou não me cativaram, ou a linguagem não foi clara para mim (e a história que dá nome ao livro foi uma delas). Basicamente, foi uma montanha russa de emoções, uma relação de amor-ódio.

Fiquei intrigada para ler obras mais longas do autor chileno Roberto Bolaño, em especial o 2666, que faz parte do Plano Nacional de Leitura.

Putas Assassinas
De: Roberto Bolaño
Ano: 2008
Editora: Quetzal
Páginas: 248

A nossa pontuação: ★★★☆☆
Disponível no site Wook.
Sandra Duarte Tavares, mestre em Linguística Portuguesa, compilou alguns dos erros mais comuns que vemos e ouvimos no nosso dia a dia. Podem consultá-los neste artigo da revista Visão.

Seria útil para inúmeras pessoas pôr os olhos nisto. De todas, a que me irrita mais é o "tu fostes", "tu fizestes", "tu pedistes"... Não passa um único dia em que não oiça uma variante destas no meu local de trabalho. Supostamente, são pessoas formadas, mas parece que falar como deve ser não é uma prioridade. E irrita-me tanto, que se tornou uma das razões pelas quais estou sempre com os auscultadores enfiados. Até se me arrepia a espinha. E quando os corrijo sou a polícia da língua impertinente...

Vocês há-dem aprender, senão, devião! A gente vamos-se zangar! :P




Certo? 😛

Em vez das prendas de encher chouriço, lembre-se que oferecer um livro é oferecer conhecimento, é dar acesso a outras vidas, é viajar sem sair do mesmo sítio, é conhecer outras culturas, é aprender. É um dos maiores actos de carinho! Que hajam muitas palavras novas debaixo das vossas árvores e que oferecer conhecimento nunca passe de moda. Feliz Natal!

Isso é que não, Pennywise!! 😱

Encontrei este livro de contos de terror de Hitchcock na Feira da Ladra. É mais um dos inúmeros do autor, e o mero leitor fica logo à partida surpreso indagando como é que alguém consegue inventar tantas histórias macabras. E contá-las com uma naturalidade tal que parece está a despejar banalidades. Atenção - "parece" - porque as histórias que saíram daquela mente são tudo menos banais.

Nesta colectânea encontramos pequenas histórias que têm em comum o facto de haver um ou mais assassinos, e há sempre uma pergunta a ser respondida. Tanto pode ser sobre a identidade do assassino, ou sobre como cometeu o crime, ou ainda como escapou, ou então como foi apanhado. Por vezes a voz narrativa é a do criminoso, outras dos investigadores, e outras vezes o narrador é o autor. Esta versatilidade, esta capacidade para nos agarrar até à resposta final, é um talento que Hitchcock dominava.

Mais do que recomendado para quem gosta de pequenas histórias envoltas em mistério, com muito humor negro à mistura.

Assassinos à Solta
De: Alfred Hitchcock
Ano: publicado em 1999
Páginas: 198
Editora: Impala

A nossa pontuação: ★★★★☆
Michele é um menino de 9 anos, que na década de 70 vive numa pequena povoação de apenas cinco casas, no sul de Itália. No verão mais quente de que há memória, enquanto os adultos se refugiam dentro de quatro paredes, as crianças, alheias à temperatura, brincam, andam de bicicleta, jogam, fazem corridas.

Um dia, decidem ir explorar mais longe e acabam por fazer uma corrida até ao cume de uma montanha. Michele, o perdedor, foi ao castigo, e o Caveira, o rapaz mais velho e mandão, encarregou-o de subir por uma casa abandonada acima e descer por uma árvore. Lá dentro, Michele depara-se com um segredo que não se atreve a contar a ninguém - olhando por um buraco no chão, vê o corpo de um rapaz da sua idade. Não sabe se está vivo ou não, mas sabe que vai voltar, sozinho, para saber, e perceber porque está ele ali.

Sentindo-se na posse de um segredo importante que o distingue das outras crianças, ele desloca-se ao local secreto, mal sabendo que se está a colocar também ele em perigo, e pelas pessoas de quem mais gosta.

Esta é uma história macabra, que contada aos olhos de uma criança de 9 anos se torna lírica, inocente, e nem por isso deixamos de nos embrenhar neste thriller que decorre a um ritmo natural mas que nos prende até à última página. Sentimos a atmosfera na pele à medida que partilhamos esta aventura que faz lembrar o Tom Sawyer misturada com um lado negro que torna tudo mais belo. Fiquei muito curiosa para ler mais livros do autor italiano.

Eu Não Tenho Medo
De: Niccolò Ammaniti
Ano: 2004
Editora: Dom Quixote
Páginas: 190

A nossa pontuação: ★★★★☆
Disponível no site Wook.

Edgar Allan Poe foi um pioneiro no texto policial, de terror e suspense. Nascido em 1809, e com um talento fora do comum para contar histórias sobre o paranormal, o fantástico e o mistério, foi uma das maiores influências para alguns dos melhores autores do género, como Stephen King, Agatha Christie, Arthur Conan Doyle ou Philip Roth.

Este livro reúne alguns dos seus mais famosos contos, que têm em comum a sua mestria para nos mergulhar nos ambientes mais negros e nos mistérios mais elaborados que exploram as fraquezas humanas, as suas vulnerabilidades, a capacidade para praticar o mal e o macabro.

É engraçado como a maioria destas histórias têm em comum uma mulher amada assassinada, e que a mãe dele tenha morrido quando ele tinha apenas um ano. Possivelmente influenciou-o a escrever sobre o misticismo da mulher morta mas cujo espírito e influência permanece.

Um conjunto de histórias fantásticas que fazem parte do Plano Nacional de Leitura e que todos deveriam ler.

Contos Fantásticos
De: Edgar Allan Poe
Editora: Guimarães Editores
Páginas: 204
Ano: por volta dos anos 1830

A nossa pontuação: ★★★★
Disponível no site Wook.

Neste livro que explora o universo mitológico, Gonçalo M. Tavares apresenta-nos 13 histórias mirabulantes passadas num mundo fantasioso onde o exagero e o surrealismo imperam.

As várias narrativas interligam-se num tempo indefinível sem uma óbvia linha temporal e entrelaçam personagens marcantes, como a Mulher-sem-cabeça que procura incessantemente os filhos; ou o Homem-do-mau-olhado, que evita olhar as pessoas de frente, ainda assim não as amaldiçoe para sempre; ou ainda um homem tão alto que a anormalidade vai fazer com que morra muito cedo.

As personagens são marcantes e muito características, e talvez seja essa, para mim, a parte mais positiva. No entanto, a falta de sentido e de pontos orientadores deixaram-me um pouco à nora e dei por mim a perder o interesse. São vários os acontecimentos presentes, e à partida muito interessantes - como o advento do cinema, a revolução industrial, ou a evolução científica - mas sou uma pessoa muito lógica e ver as coisas acontecerem do nada e sem uma ligação óbvia levam-me à descrença.

É um livro pequeno que se lê muito rápido, e acredito que para a maioria dos leitores será deveras interessante. Para mim foi um pouco penoso não me conseguir embrenhar na leitura, mas para quem aprecia o universo mitológico será concerteza imperdível.

A Mulher-sem-cabeça e o Homem-do-mau-olhado
De: Gonçalo M. Tavares
Ano: 2017
Editora: Bertrand
Páginas: 152

A nossa pontuação: ★★☆☆☆
Disponível no site Wook.
Se alguém me quiser dar este saco de pano no Natal, aceitarei de boa vontade. É baratinho e é a minha cara :P
Disponível na Bertrand.



A história começa bem - em 1914, três professores universitários em Espanha, aparentemente sem qualquer relação (nem nos estudos) mutilaram-se de diferentes formas e ficaram em estado catatónico. Hércules é o investigador que vai tentar descobrir a razão, e pede ao seu amigo polícia americano, Lincoln, que viaje até à Europa para se lhe juntar.

Os dois deparam-se com uma investigação difícil que os vai levar por diversos pontos da Europa, incluindo Lisboa. Num período que antecede o estalar da II Guerra Mundial, eles vão fazer de tudo para pôr as mãos num perigoso livro que augura o aparecimento de um messias ariano que irá mudar o mundo, sem retorno possível. E todos sabemos o que isso acabou por significar. Passou a ser também a perseguição por uma pessoa que, pese a inocência que ainda mantém, se vai tornar o cerne da questão e a chave para o futuro da Europa.

Com uma grande base de acontecimentos, nomes, e documentos reais, esta é uma aventura megalómana que na minha opinião peca por isso mesmo - é demasiado. Como é que duas pessoas que fazem inimigo atrás de inimigo, perseguidas por meio mundo, e que acabam por arrastar outras pessoas consigo, conseguem deslocar-se livremente por uma Europa mergulhada no caos, numa época em que mal haviam carros? E eles tanto estão em Madrid, como em Lisboa, como em Viena, com uma rapidez e uma facilidade que fariam inveja à TAP.

Tirando este "pormenor" que para mim tira algum crédito à narrativa, aprendi imenso sobre o período pré-guerra e apreciei o clima de suspense que o autor conseguiu manter até ao fim.

O Messias Ariano
De: Mario Escobar

Ano: 2009
Páginas: 414
Editora: Bertrand

A nossa pontuação: ★★★☆☆
Aqui fica uma sugestão para o frio. Ele não irá embora, mas pelo menos ficam com um livro 😜